Pais


1. Uma reflexão prática para iniciar bem o ano pastoral e escolar As famílias de hoje enfrentam muitas dificuldades, quer seja ao nível da sua organização e estrutura, quer ao nível da gestão da vida quotidiana. Olhando rapidamente um jornal diário, eis que um título razoavelmente grande nos informa de que a OCDE sugere ao governo português que facilite maior apoio aos pais que trabalham. Mas enquanto isso não acontece, sugerimos uma Primeira Etapa de Reflexão para os pais que pretendem melhorar a qualidade e quantidade da sua vida familiar. A nossa ideia é sugerir aos Pais uma reflexão organizada sobre a sua família e sobre a forma como gostariam de desenvolver um Projecto Familiar. Claro que todas as famílias têm um projecto. Mesmo as famílias que se sentem, ou estão desorganizadas, tiveram um projecto inicial, mais ou menos estruturado. Depois, a história de cada um de nós determina os conflitos e problemas com que nos defrontaremos, alguns dos quais parecem difíceis de ultrapassar. Ou então, simplesmente, ficamos feridos, divididos, K.O., caídos no tapete, sem capacidade para reagir... Mas podemos levantar-nos e, muitas vezes, o primeiro passo útil é, tão-somente, conseguirmos pensar sobre o que nos preocupa, organizar as ideias. As soluções terão, então, maior probabilidade de se nos apresentar. De qualquer modo, as famílias possuem projectos essencialmente informais ou implícitos. Os pais não têm o hábito de marcar reuniões entre si, e até com os filhos, para discutir e anotar quais vão ser as prioridades para os próximos tempos. No entanto, quando os problemas surgem e já estão muito pressionados com a urgência da solução, acabam por encontrar um espaço e um tempo para conversar. No entanto, porque é que esta conversa nem sempre "funciona"? Porque os problemas nos agridem, as dificuldades afectam a nossa capacidade de ter esperança, de ser criativo na procura de soluções. Nestas condições, como é difícil dialogar! Assim, propomo-vos uma lista de pontos para reflexão. Não é uma lista de emergência, para usar nos momentos de ansiedade e catástrofe, mas para preparar bem o futuro, para conversar lenta e calmamente, em boas condições de comunicação. Cada família definirá as condições óptimas para dialogar, como o entender, como o sentir, como achar que é o seu "óptimo" actual, isto é, não uma circunstancial ideal, que nunca acontece às pessoas de carne e osso, mas com a abertura e tranquilidade suficientes para construir algo de melhor. E essas condições, queridos pais, ninguém vos pode sugeri-las, pois ninguém vos conhece suficientemente bem para isso... 2. Um Projecto Familiar Quando pensamos em Projecto Familiar, ou noutro qualquer projecto, teremos em consideração, como ponto de partida, as NECESSIDADES que nos levam a desejar esse mesmo projecto. Esta é a nossa primeira sugestão - da lista referida no quadro seguinte, quais os pontos que escolheríamos para mostrar a nossa necessidade de reflectir um projecto familiar? Construir um Projecto Familiar 1. Definir as nossas necessidades - Esclarecer o que queremos para os filhos. - Ter um registo que nos recorde as responsabilidades que, pai e mãe, temos um para com o outro e, sobretudo, para com os filhos. - Evitar a facilidade de pensar que as dificuldades de crescimento dos filhos passam com a idade: não passam, os filhos precisam de ser educados com regras. - Necessidade de fazer uma reflexão sobre o momento da nossa família: como crescem os filhos, como amadurecem, a sua vida na escola, com os amigos, com os pais, com os avós; a vida social dos filhos, espiritual e moral. - Necessidade de ajudar os filhos a crescer em autonomia: sentido crítico, criatividade, responsabilidade, capacidade de ceder às pressões dos amigos, da TV, da moda,... - Definir as prioridades educativas para cada filho: perceber como é cada um, identificar as suas necessidades (a mesma educação não serve para todos!), estar de acordo na forma como vamos tratar cada um deles (elogiar, castigar, recompensar, exigir,...). - ...a nossa razão mais pessoal! Claro que existem muitas outras necessidades: cada família deve procurar escutar o seu coração e definir as suas próprias. Além disso, cada família poderá definir necessidades parentais, de educação dos filhos, e necessidades conjugais, do próprio casal. E, certamente, haverá momentos em que as reflexões terão um carácter muito concreto: enviar os filhos para a escola, escolher uma escola, mudar de casa, procurar emprego, ultrapassar uma situação de doença, desemprego, divórcio. O segundo ponto desta reflexão é dedicado aos OBJECTIVOS do nosso Projecto: o que é que nós pretendemos conseguir com este esforço de reflexão? 2. Estabelecer objectivos - Cumprir com os deveres paternos de manutenção, protecção e educação dos filhos. - Educar com o próprio exemplo dos pais (e dos avós). - Educar com autoridade: ser coerente nos pedidos, exigir o que podem dar, saber dizer "não", evitar a permissividade. - Melhorar a organização da casa: distribuição de tarefas e responsabilidades; criar um espírito de equipa e inter-ajuda. - Educar a consciência moral: definir valores, saber explicar as nossas escolhas, ser coerente entre o que se diz e se pede e o que se faz. - Cuidar de si mesmos, enquanto pais, equilibrando os deveres parentais, o trabalho e a vida de casal. - Desenvolver-se como pessoa em casal: planos comuns, experiências e desejos pessoais. - Providenciar assistência material e espiritual à família e à família alargada: avós, tios,... - Promover o desenvolvimento intelectual, afectivo, social e espiritual. - Ajudar a obter e manter uma atitude de sucesso escolar. - Colaborar com a escola, os professores, os catequistas. Estar presente nas actividades e ter condições e informação para participar nas reuniões, discussões e tomadas de posição. Como vamos iniciar este trabalho? A primeira questão é de ordem prática: estabelecer um calendário (datas) e um local ou circunstância que favoreça o diálogo, sem interrupções, sem pressões. O segundo passo é convocar os interessados: Só os pais? Pais e filhos? Também os avós? O terceiro é preparar-se, e ajudar cada um a preparar a sua disponibilidade para encontrar respostas que sejam o produto de um acordo mútuo – algo que todos aceitamos como importante e correcto. Não esquecer que o acordo significa sabermos sacrificar algo de nós próprios mas, um projecto familiar não é um concurso nem um acontecimento desportivo... Para levar à prática o nosso projecto, necessitamos de reflectir com calma e tempo, mas, para que possa ser produtivo, é imprescindível tomar nota, por escrito, das reflexões e do que combinamos. E agora, queridas famílias, mãos à obra. Dentro em breve cá estaremos para responder à etapa seguinte: depois de definir necessidades e estabelecer objectivos, que faremos para avançar na procura de resultados? Entretanto, estamos à espera das sugestões para colocar aqui, na montra da Formação de Pais. Sem o vosso contributo, não poderemos avançar. O nosso mail espera-vos, para isso e muito mais (reflexões, perguntas, sugestões)e está em: educacao-crista@sapo.pt Pensamos também que a nossa sugestão para o Projecto Familiar poderá animar reuniões de formação parental. Para o conseguir, basta fazer um tema introdutório sobre as necessidades das famílias ou os apoios que estas podem procurar e, depois, orientar os Pais na produção de um Projecto, com os mesmos passos que seguimos na escola ou na empresa. O projecto pode ter, também, a sua vertente comunitária: família alargada, vizinhos, amigos, equipa de casais. Muitos aspectos da apresentação podem ser distribuídos entre diversos participante,s assim como a discussão inicial pode ser feita em grupo. Depois, cada família faz a sua identificação de necessidades e selecção de objectivos. Estes poderão, numa fase posterior, ser partilhados com os outros participantes. A experiência comunitária também é útil para nos manter "na linha", partilhando a forma como nos comprometemos com os objectivos. E para celebrar vitórias, é claro! BOM TRABALHO! C.S.C.


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